segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

        Atualmente, é impossível não fazer referência à psicanálise e conseqüentemente, Sigmund Freud, considerado o “seu genitor”, quando o assunto é educação. A tarefa de educar é um grande desafio para todos os envolvidos neste processo e a teoria de Sigmund Freud nos acompanha a todo o momento na prática diária. Por exemplo, quando deparamos com um aluno que não consegue interagir com colegas do grupo ou demonstra certa insegurança consigo mesmo, é comum usarmos a expressão “Freud explica”, desta forma, conseguimos olhar diferente e compreender muitas atitudes de nossos alunos, aparentemente, inexplicáveis.


       Através da psicanálise foi possível definir o papel do professor e do aluno no processo educacional: onde cabe ao professor compreender a subjetividade presente em cada criança, sabendo aproveitar potenciais, para daí fazer emergir o desejo de aprender. Ao aluno cabe a tarefa de ingerir, desarticular e digerir aqueles elementos transmitidos pelo professor, que se engancha em seu desejo, que fazem sentido para ele e que encontram eco na sua subjetividade de sujeito aprendiz.

      Desta forma, para se ter sucesso em sala de aula, nós professores buscamos manter sempre uma relação afetiva/positiva com os educando, compreendendo que esta atitude influencia mais do que se imagina na construção e aquisição do conhecimento pelo aluno, já que ele vai aprender com quem transmite confiança e realmente é importante para ele. Não podendo esquecer-se da dose de limite, extremamente necessária na relação professor - aluno, onde o aluno deverá receber a quantidade exata de amor e ao mesmo tempo um grau eficaz de autoridade para que possa controlar seus impulsos e consolidar o aprendizado..

       A Psicanálise nos faz compreender que cada aluno é único e tem seu tempo e forma de aprender. O reconhecimento da individualidade da criança, leva o professor compreender que não existem métodos pedagógicos que sejam uniformemente bons para qualquer criança, defendendo, desse modo, a necessidade de se ter um olhar individualizado para nossos alunos. Assim, a prática de trabalhos em grupo, tão presente na sala de aula, é extremamente importante a interação que ocorre entre os educando, já que, apresentando interesses e dificuldades diferentes, são instigadas às discussões e confronto de idéias tão necessários para a construção de seu próprio conhecimento.

      Não podemos esquecer que, com base em estudos de Freud e outros autores da área psicanalítica, as escolas passaram a trabalhar além de processos cognitivos, aspectos relacionados com a afetividade, cidadania, ética e com a sexualidade. Atualmente, a orientação sexual está sendo incluídas “timidamente” no currículo escolar, com o objetivo de satisfazer a curiosidade dos alunos para que o desejo de saber não perca, constituindo numa frustração que o acompanhará ao longo de sua vida. Segundo Freud, a curiosidade intelectual deriva da curiosidade sexual, a qual está ligada á formação da personalidade e surge antes mesmo da criança chegar à escola.

      Pode-se dizer que o pensamento freudiano contribui para com o professor, não somente para que ele aproprie do desenvolvimento mental, mas também de uma compreensão interna (insight) de suas próprias vivências, podendo acrescentar mais elementos na elaboração de programas educacionais, bem como pode significar mais um dado para a compreensão do estudante.

     Porém é preciso conscientizar que a psicanálise não pode fazer o papel de educação e não pode ser considerada salvação para todos os problemas educacionais, mas pode auxiliar na compreensão do funcionamento mental e inconsciente dos sujeitos envolvidos nesse processo.

Um abraço,
Maria Dias ; )